Yansã


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Mãe YANSÃ é a Divindade que está assentada no pólo negativo (absorvedor) e cósmico da Linha da Lei, onde atua de forma ativa, para absorver os desequilíbrios cometidos no campo da Lei e da Justiça Divinas e reconduzir os seres ao equilíbrio.

A Divindade Yansã é a Qualidade Direcionadora de Deus, que atua de forma permanente em toda a Criação para que tudo e todos possam evoluir. Tudo na Criação Divina é direcionado para um caminho de evolução.

Assim, Yansã é a força móvel que direciona a Fé (campo de Oxalá), a Justiça (campo de Xangô), a Evolução (campo de Obaluayê), a Geração (campo de Iemanjá), a Agregação (campo de Oxum), a Lei (campo de Ogum).

Pai Ogum é o aspecto fixo da Lei, a irradiar continuamente as Vibrações Divinas da Lei Maior e com elas amparando e sustentando a tudo e todos de forma passiva (sem forçar ninguém). E Mãe Yansã é o aspecto móvel da Lei, que entra em ação para corrigir os desvirtuamentos dos seres neste Sentido da Vida e recolocá-los no caminho reto, de modo que também a Justiça Divina seja obedecida e aplicada. Pois quando a Lei não é cumprida, a Justiça também é desrespeitada. Como Orixá Cósmico, Yansã pune quem desvirtua ou se aproveita dessas Qualidades Divinas com más intenções.

Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres. Como Divindade Direcionadora e Movimentadora, Mãe Yansã retira os seres de um caminho de estagnação evolutiva (provocada por seus desequilíbrios emocionais) e ajuda a encaminhá-los, cortando os seus excessos emocionais e colocando-os no caminho correto a seguir.

Além de corrigir excessos no campo da Lei e da Justiça, Yansã é o Orixá que dá amparo àqueles que vivem em obediência à Lei e à Justiça Maiores, protegendo-os e combatendo as injustiças que estejam enfrentando (projeções mentais negativas externas, magias negativas etc.). Sua atuação é Cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não é inconseqüente ou emotiva, porque Ela é o Sentido da Lei, e a Lei não é apenas punidora, mas também direcionadora.

É a mais guerreira de todos os Orixás Femininos. 

Yansã atua na Linha da Justiça ao lado de Xangô, e também na Linha da Lei ao lado de Ogum. Com Pai Xangô, Ela forma uma Linha polarizada ou mista Justiça/Lei, na qual Ele atua pelo elemento Fogo e Ela atua pelo elemento Ar. Já com Pai Ogum, Yansã forma um par puro na Linha da Lei, ambos atuando pelo elemento Ar.

Na Lei: Mãe Yansã é Movimentadora, é a Lei atuando para redirecionar os seres que se desequilibraram; e Pai Ogum é o princípio ordenador inquebrantável.
Nos elementos: Pai Ogum é o ar que refresca e a brisa que acalenta; e Mãe Yansã é o vendaval que desaba, e a ventania que faz tudo balançar.

Na Fé: Ogum é o princípio a ser obedecido; e Yansã é a novidade que renova a Fé na mente e no coração dos seres.

Na vida: Yansã é a busca de melhores condições de vida para os seres.

Na Criação Divina: Ogum é a defesa de tudo o que foi criado; e Yansã é a busca de adaptação do ser ao meio onde vive.

Na Irradiação da Lei, Ogum é passivo. Seu magnetismo irradia-se em ondas retas, em corrente contínua, e seu núcleo magnético gira para a direita (sentido horário). Seu Fator é Ordenador. Já Yansã é ativa, pois seu magnetismo irradia-se em ondas curvas, em corrente alternada, e seu núcleo magnético gira para a esquerda (sentido anti-horário). Seu Fator é Direcionador. Ogum é a Lei, a via reta.

Mas Yansã é o próprio sentido de direção da Lei, pois Ela é um Mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que ele esteja dando à sua evolução e à sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior. Neste caso, a Qualidade Direcionadora de Mãe Yansã envolve o ser numa de suas espirais, impondo-lhe um giro completo e transformador dos seus sentimentos viciados. Com isso, Ela o recoloca no caminho reto da vida; ou então, se necessário, o lança no Tempo, onde a sua religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada.

Neste último caso, os seres ficam retidos “no Tempo”, até esgotarem os vícios e desequilíbrios que afetavam suas mentes, seu emocional e seus campos energéticos. Por esse motivo é que a Divina Mãe Yansã tem uma atuação importantíssima sobre os eguns, que são espíritos endurecidos no mal: Ela os recolhe, paralisa, e os remete ao Tempo, nos domínios da Mãe Oyá-Tempo (Logunan), para que ali eles sejam completamente esgotados dos seus desequilíbrios. Só depois disso é que aquele ser- que deliberadamente praticou o mal por muitas e muitas vezes, ao ponto de “endurecer no mal”, como se costuma dizer-, somente depois de esgotado ou esvaziado da maldade que criou, é que o ser estará em condições de ser redirecionado, para recomeçar sua caminhada evolutiva.

Na Linha da Justiça, Yansã é seu aspecto móvel, pois atua na transformação dos seres, absorvendo seus magnetismos negativos; e Xangô é seu aspecto passivo, assentado ou imutável, a irradiar continuamente a Vibração da Justiça e do Equilíbrio Divinos para toda a Criação.

Sempre que a Justiça Divina é ativada, tanto o seu pólo passivo quanto o seu pólo ativo são ativados, e aí surge Yansã, a Regente da Lei nos campos da Justiça.

A natureza eólica (=do ar) de Yansã expande o fogo de Xangô. Assim, logo que o ser é purificado de seus vícios (pelo fogo de Xangô), Yansã entra na vida daquele ser e o redireciona e o reconduz para outro campo, no qual retomará sua evolução.

O primeiro elemento de Yansã é o Ar, que movimenta e sustenta o Fogo. Pois Yansã é movimento o tempo todo. O Fogo é, portanto, o segundo elemento de atuação desta Divindade.

Como aplicadora da Lei nos campos da Justiça, Yansã é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora da Lei, alterar todo o seu emocional, mental e consciencial, para então redirecioná-los numa outra linha de evolução, que os aquietará e facilitará suas caminhadas pela linha reta da evolução. Quando não é possível reconduzi-los, então uma das Intermediárias Cósmicas de Yansã paralisa os seres desequilibrados, retendo-os num dos campos de esgotamento mental, emocional e energético, até que eles tenham sido completamente esgotados dos seus negativismos e tenham descarregado todo o seu emocional desvirtuado e viciado.

Mãe Yansã Maior (ou Yansã Planetária) possui vinte e uma Yansãs Intermediárias, que são assim distribuídas:

- Sete atuam junto aos pólos magnéticos irradiantes, auxiliando os Orixás Regentes dos pólos positivos (Orixás Universais), como aplicadoras da Lei, recorrendo aos aspectos positivos do Orixá Yansã Planetário;

- Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes, auxiliando os Orixás Regentes dos pólos negativos (Orixás Cósmicos), como aplicadoras da Lei, recorrendo aos aspectos negativos do Orixá Yansã Planetário;

- Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias, regidas pelos princípios da Lei, onde ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os direcionam para as
faixas negativas.

São vinte e uma Yansãs Intermediárias, aplicadoras da Lei nas Sete Linhas de Umbanda, e seus campos preferenciais de atuação são os religiosos.

Justamente por atuarem de modo especial no campo religioso, Mãe Yansã Intermediária para a Linha da Fé nos campos do Tempo (Yansã do Tempo) às vezes é confundida com o Orixá Oyá-Tempo, já que é Yansã quem envia ao Tempo os eguns fora da Lei no campo da religiosidade.

Yansã do Tempo tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo, onde serão esgotados. Antes disso, Ela tenta reequilibrá-los e redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os esvazia quando vê que um esgotamento total nos sete Sentidos é necessário.

Outra Intermediária de Mãe Yansã Maior é Yansã Balé (do Balê ou das Almas), que é muito solicitada e muito conhecida porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida. E como vida é Geração e Omolu atua no pólo negativo (Cósmico) da Linha da Geração, então Yansã Balé envia aos domínios de Tatá Omolu todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina.

Também são muito conhecidas as Yansãs Intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos (Yansã pura).

As outras Yansãs Intermediárias assumem os nomes dos elementos que lhes chegam através das irradiações inclinadas dos outros Orixás. E assim temos: uma Yansã do Ar, uma Yansã Cristalina, uma Yansã Mineral, uma Yansã Vegetal, uma Yansã Ígnea, uma Yansã Telúrica, uma Yansã Aquática.

Este resumo pode nos dar uma idéia do quanto somos amparados, protegidos e sustentados pelo Divino Criador, por Seus Tronos e Suas Divindades, de uma forma tão Perfeita que a nossa mente limitada não alcança.

Acontece, às vezes, de nos sentirmos desanimados, diante de situações que nos parecem injustas (traições, magias negativas, difamações, injúrias, ataques gratuitos contra o nosso trabalho religioso etc.). Nesses momentos, é importante lembrar que os Sagrados Orixás da Lei e da Justiça Divinas e todos os Sagrados Regentes dos demais Sentidos da Vida e Seus respectivos Intermediários estão em permanente atuação para nos defender e proteger, retendo nas malhas da Lei e da Justiça todo aquele que atentar contra a nossa vida, o nosso equilíbrio e a nossa evolução.

Para o nosso próprio equilíbrio e bem-estar, que possamos cultivar o hábito de fazer orações diárias em louvor e gratidão ao Divino Criador, aos Seus Divinos Tronos, aos Sagrados Orixás e a todas as Divindades presentes na Criação, velando por nós, nos guiando, nos direcionando, nos corrigindo, nos amparando, nos protegendo e nos defendendo, a cada instante da nossa existência.

Isto nos dá uma dimensão da importância de nossas vidas perante o Supremo Arquiteto do Universo e nos ajuda a valorizar também a importância de cada momento vivido. 
História

Na Nigéria, Yansã é a Divindade do Rio Niger. Impetuosa, guerreira e de forte personalidade, é considerada a rainha dos espíritos dos mortos, sendo reverenciada no culto dos eguns. Foi a principal esposa de Xangô, acompanhando-o em toda a sua jornada, em cujo final ambos se tornaram Orixás, tendo Ela se transformado nas águas turbulentas do Rio Níger.

O Níger é o maior e mais importante rio da Nigéria, pois seus afluentes atravessam as principais cidades do país, motivo pelo qual ficou conhecido com o nome Odò Oyá (em yorubá, ya significa rasgar, espalhar). Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove oruns, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã, Yánsàn.

O nome Yansã (ou Iansã), como é reverenciado na Umbanda, tem origem provável numa dessas formas: Oyamésàn (que significa as nove Oyàs); Ìyá Mésàn (a mãe transformada em nove); Ìyá Omo Mésàn (a mãe de nove crianças). Cada uma delas está ligada a uma lenda, como será visto mais à frente.

Na tradição africana, embora seja saudada como a deusa do rio Níger, Mãe Yansã está relacionada ao elemento fogo, o que indica a união de elementos contraditórios: Yansã nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo- Omo Iná. A tempestade é o poder manifesto de Yansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.

Ela é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, e a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza o seu descontentamento. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com atividades habitualmente relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar, rejeitando o papel feminino tradicional.

Algumas lendas a relacionam a antigos cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e daí é que vem a menção aos chifres de novilho ou de búfalo, símbolos de virilidade, que sempre surgem nas suas histórias. Yansã é a única que pode segurar os chifres de um búfalo porque, sendo cheia de encantos, foi capaz de transformar-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.

Associada ao ar, ao vento, à tempestade, ao relâmpago ou raio e aos ancestrais (eguns), é o Orixá que domina os furacões e ciclones. É o Orixá do fogo, do calor.  É guerreira e regente das paixões. É o raio, a eletricidade, a energia viva.

Yansã também tem ligação com a floresta, onde se esconde, entra como mulher e se transforma num búfalo, animal considerado sagrado por muitas tribos, porque sua carne alimentava o povo, seu couro fornecia roupas e abrigos e seus ossos forneciam ferramentas. Yansã propicia a caça e alimento abundante.

No Candomblé, suas contas costumam ser vermelhas ou tijolo, o coral por excelência, o monjoló (uma espécie de conta africana, oriunda de lava vulcânica) e seus símbolos são: os chifres de búfalo, um alfanje, uma adaga de cobre e o eruexin (ou eruesin ou iruquerê, uma espécie de chicote confeccionado com pelos de rabo de cavalo encravados num cabo de cobre, que a Divina Mãe utiliza para espantar os eguns) Afefe, que é o vento, a tempestade, acompanha Oyà.

Os tornados e tempestades são as marcas de seu descontentamento.

Seus adeptos não podem sequer “encostar” em carneiro. E isso tem fundamento numa lenda, que será vista adiante. 

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